Acredito que para muitas mães a hora do desmame é tão complicada como o inicio da amamentação. Tomar a decisão de desmamar o bebê, seja por qual motivo for é muito difícil, principalmente para a mãe, pois é o primeiro desligamento que acontece entre mãe e filho; costumo dizer que dá uma dor no coração não amamentar mais, as mães que amamentaram seus filhos até 1 ano ou mais entendem o que eu quero dizer.
Amamentar é mais que alimentar o bebê, é um momento único de troca de carinho, olho a olho, é claro que essa proximidade e troca de carinho pode continuar após o desmame, mas só que amamenta sabe quanto é difícil abrir mão de amamentar o bebê.
É claro que há mães que precisam voltar a trabalhar, e as vezes o bebê já vai se acostumando mais com a mamadeira que é mais fácil, e acaba deixando o peito, por contra própria. Mas também há mães que conseguem amamentar o bebê somente pela manhã e a noite quando chegam em casa do trabalho, nesse caso pode esperar até o bebê completar 2 anos ou mais para desmamar, mas um dia terão que fazê-lo.
Independente do motivo do desmame, acredito que não há um momento ideal para o inicio do processo. A recomendação do Ministério da Saúde, da Organização Mundial da Saúde, da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Academia Americana de Pediatria, é de que a amamentação deve ser exclusiva até os 6 meses de idade e complementar até os 2 anos; Mas na realidade o desmame vai depender da mãe e do filho, já que é um momento de intimidade deles, que podem buscar orientação junto ao pediatra e especialistas em amamentação para que o processo não prejudique a saúde do bebê e deixe ambos felizes.
É comum que a partir de 1 ano de idade que o bebê já vá diminuindo as mamadas conforme vai ingerindo uma maior diversidade de alimentos, o meu bebê por exemplo antes de desmamar já mamava apenas 3 vezes ao dia, por opção própria. Mesmo que o bebê já diminua as mamadas sozinho, é preciso consultar um pediatra para ter certeza de que o leite materno não fará falta a ele. No meu caso eu optei por desmamar meu bebê pois o seu pediatra queria que eu introduzisse outro leite a dieta para ele ganhar mais peso e dizia que enquanto ele mamasse no peito não aceitaria outro leite e precisava ganhar peso. Também pesou o fato de quanto mais ele entendesse mais difícil seria para desmamar. Confesso que não foi fácil, foi preciso muita paciência, dedicação e principalmente força de vontade; É claro que o apoio do pai nessa hora é fundamental, não sei se conseguiria sozinha.
Meu conselho é que esteja segura sobre o desmame antes de iniciar o processo, independente de qual seja o motivo pois depois não vai poder voltar atrás; e é um ponto importante já que é muito pior para o bebê se iniciar o desmame, se arrepender e voltar atrás, pois dai quando finalmente decidir tentar novamente será muito mais difícil para ambos.
Como um bebê de 1 ano e meio já entende melhor o que está acontecendo, quando o desmame é feito de maneira correta, ele não sofre e nem fica desnutrido. O primeiro passo é planejar para que tudo seja feito de maneira gradual, eu sou contra o desmame abrupto apesar de muitos especialistas falarem que todo desmame é abrupto, eu acredito que ele possa ser feito de maneira gradual e menos sofrida para a mamãe e o bebê.
Tente substituir as mamadas aos poucos por outro jeito de oferecer o leite e seus derivados. Seja flexível, você pode por exemplo, manter a mamada noturna, que o faz adormecer até ele se adaptar melhor com a troca feita em outros horários. O bebê pode ficar irritado durante o processo de desmame, pois vai sair de uma situação conhecida e confortável que é o peito da mãe para outras que ainda não conhece e que são: a mamadeira, o copinho, o mingau; até que ele descubra que essa troca pode ser boa, pois vai continuar recebendo carinho e atenção da mamãe, ele pode chorar, ficar manhoso e requisitar mais o colo da mamãe.
Desmamei meu bebê com 1 ano e 3 meses, e fiz isso gradativamente. Ele por si só já mamava apenas 3 vezes ao dia, pela manhã, a tarde e a noite mas mesmo assim não foi fácil. Quando resolvi iniciar o processo, primeiro substitui a mamada da tarde por mingau. É claro que tentei primeiro dar o leite em pó mas como dizem que é o que mais se assemelha ao leite da mãe ele não aceitou então optei pelo mingau de leite em pó e Mucilom. Ele aceitou bem até que introduzi também pela manhã e ele começou a recusar um pouco.
Como ele sempre queria tomar o meu leite com café, comentei com a pediatra que me orientou a oferecer a ele o leite que eu tomava mas com pouquíssimo café, bemmmmmmmmm fraquinho!!! Foi o que eu fiz, no primeiro dia do desmame total, ofereci o mingau que não foi muito bem aceito, parecia que ele estava adivinhando; então depois ofereci o leite com pouquíssimo café e ele aceitou de bom grado na caneca, só dava muito trabalho dar leite na caneca pra ele que ainda não conseguia segurar sozinho sem derramar.
Então resolvi virar o leite da caneca para a mamadeira e ele adorou pois ainda podia mamar no colo e ficar enrolando o dedinho no meu cabelo enquanto mamava. O único problema foi que no começo ele não aceitou o leite em pó e tive que dar o leite de vaca mesmo, é claro que devidamente pasteurizado, mas bem sabemos que o leite de vaca não tem ferro e nem as vitaminas necessárias para a nutrição do bebê. O que eu fiz foi adaptá-lo aos poucos ao leite em pó, comecei misturando uma colher de leite em pó no leite de vaca, e como ele não estranhou, mudei a maneira de preparar; Comecei a temperar um pouco de leite em pó e completar com o de vaca na mamadeira, e aos poucos fui aumentando o leite em pó e diminuindo o leite de vaca, até que ficou só com o leite em pó. Tive que começar da maneira errada para conseguir o melhor.
Depois que ele acostumou com o leite em pó, tirei o café de uma vez que era só algumas gotas. Até hoje ele toma o leite pó e não ganhou mais peso como o pediatra falou. Continuou com o mesmo biotipo, com peso na média e altura acima. Isso quer dizer que o meu leite o alimentava sim, pois com a mudança para o leite em pó não houve mudança alguma no peso.
Confesso que me arrependi depois de tirá-lo no peito mas não poderia voltar atrás pois seria muito ruim e confuso pra ele. A decisão de desmamar o bebê tem que ser entre a mãe e o bebê, não pode deixar se influenciar pelo pediatra ou pela família pois depois que desmamamos não podemos retroceder.
O horário mais difícil do desmame é a noite, então é a mamada que eu sugiro que deixe por ultimo. Não foi fácil desmamar o meu bebê a noite, no primeiro dia meu marido ficou com ele no colo até dormir, mas acordava me chamando, e eu não conseguia dormir, então conversei com meu marido e resolvi que além do peito, eu não ia tirar minha presença dele, que eu ia ficar com ele mesmo não amamentando, pois como eu, ele sentia falta do nosso momento de mais proximidade. É claro que não é o mais indicado quando está desmamando o bebê, o melhor é outra pessoa tentar dar a mamadeira a noite nos primeiros dias, mas eu segui meu instinto materno e deu certo.
Os especialistas dizem que o ideal é adaptar o bebê do peito direto para o copinho ou uma colher em vez da mamadeira. Pode até soar um pouco estranho, mas dá certo; até bebês prematuros são alimentados dessa forma. A desvantagem da mamadeira é que o bebê acostuma com ela e depois temos que adapta-lo também ao copo; e ela também é mais difícil de limpar e esterilizar. Siga seu instinto materno e escolha o que melhor se adaptara a sua realidade. No meu caso eu optei pela mamadeira pois não resisti em poder dar a mamadeira no colo.
Na hora de tirar do peito, podemos tentar todas as possibilidades que tivermos conhecimento como alternativa, a maioria dos bebês que mamam no peito até 1 ano ou mais não aceitam outro tipo de leite facilmente, alguns optam por mingau, outros ainda por algum cereal com o leite, nós temos que usar a nossa criatividade e fazer tentativas, com um pouco de paciência é possível obter êxito no desmame.
Cada mamãe e cada bebê tem seu tempo e seu jeito, não há uma formula pronta; a melhor maneira de desmamar é: a mãe que conhece o seu bebê como ninguém, seguir seu instinto materno, pois mais que qualquer um, ela sabe o melhor para o seu filho e na hora saberá o que fazer.